O que podemos fazer para um turismo mais sustentável

A palavra sustentabilidade faz parte do vocabulário dos nossos dias e em viagem é também importante fazermos escolhas mais sustentáveis e mais ecológicas. Podemos não mudar o mundo de uma vez, mas ajudaremos a torná-lo melhor. Sejamos a mudança que queremos para o mundo.

O turismo é a uma das principais atividades económicas em muitos países do mundo e isso também se reflete a nível ambiental. Em certos casos, cresceu-se desmesuradamente sem olhar aos efeitos negativos nos mares, nas florestas, etc. E as alterações climáticas fazem-se sentir também associado a isso mesmo – e às emissões de gases com efeito de estufa. O turismo representa 10% do PIB mundial e emprega 1 em cada 10 pessoas no mundo.

Cada um sabe de si e das escolhas de viagens que pode fazer, mas ultimamente tenho aproveitado – porque o meu trabalho assim o permite – a fazer menos viagens de avião, e a ficar mais tempo nos destinos. Faço isso com os tours em Marrocos, em que fico lá entre vários tours. Mas sei que isso não é suficiente e que não é possível para o resto do mundo. Então, no que podemos fazer para espalharmos a consciência ambiental, ecológica e da sustentabilidade?

Um estudo da Booking.com – feito a mais de 20 mil pessoas – revelou que 86% dos viajantes estão dispostos a escolher actividades de turismo sustentável. E também 37% disseram estar disponíveis para ajudar na limpeza de lixo em atracções turísticas.

EM VIAGEM: O QUE PODEMOS FAZER PARA ESCOLHAS MAIS SUSTENTÁVEIS

1 – Voar menos e arranjar transportes mais ecológicos
Às vezes a escolha não é fácil. Muitas vezes os voos Porto-Lisboa estão mais baratos do que o Alfa Pendular. Infelizmente o custo que isso traz a nível ambiental é enorme.
Também se não não formos no avião ele levanta voo na mesma… é difícil a decisão- Mais do que os utilizadores o Estado devia tomar decisões mais ecologicamente conscientes, até porque estou a falar de duas empresas do Governo
Voar menos e escolher aviões com menos emissões de carbono – os mais recentes são mais amigos do ambiente Existem aplicações para procura de voos que têm a indicação de marca “Eco” para voos que fazem menos emissões

2 – Viajar mais localmente também é bom
Evite usar o carro (o preço da gasolina e portagens também não ajuda) e viaje mais localmente de forma a ajudar o turismo local e nacional. E dividir transportes é outra das formas de poupar a carteira e o ambiente.

3 – Produto da região e de época
Eu sei que é uma chatice não por comer dióspiros o ano todo, ou manga, mas o transportes de legumes são um exemplo do que temos de mudar. Ao consumirmos o que nos está próximo e o que a terra nos dá, traz menos impacto ambiental. Por isso, ao viajar privilegiem os restaurantes que têm essa consciência. Outro exemplo muito debatido é o do abacate, que é uma produção que requer muito da terra e está a ser implementada em solos onde não deveria existir. O Algare tem a maior plantação de abacates da Europa… (leia mais aqui)
As campanhas para a redução de carne no mundo não são só para quando estamos em viagem, deveríamos consumir menos produtos produtos de origem animal. Saiba mais.
Há pouco tempo soube que a Malhadinha Nova ganhou um prémio especialmente dedicado à gastronomia sustentável, no Alentejo.

4 – Compras e consumo
Comprarmos localmente é ajudar as comunidades que visitas. Comprar diretamente aos artesãos é promover a economia local – e evitar comprar coisas que vêm em contentores da China, a poluírem mares. Sê justo com os valores: 50 cêntimos não é nada para nós, mas para gente de muitos países pode representar comerem hoje ou não. Apoia o comércio local em viagem e no teu dia a dia.

5 – Proteção Animal
Elefantes na India, macacos na praça Djemaa El Fna, em Marraquexe, fotos nos jardins Zoológicos… ao perpetuarmos e darmos dinheiro para fazer fotos com os animais sabemos que as condições a que são sujeitos não são muito boas. Infelizmente há países mais pobres em recursos em que os mais desfavorecidos ainda utilizam a força animal, com cavalos e burros, e a maior parte das vezes muito mal tratados.

6 – Alojamentos sustentáveis
Já é muito fácil, hoje em dia, escolher entre vários alojamentos que têm uma maior preocupação com o meio ambiente. Por norma, mostram bem o seu empenho em ter apoio de energias renováveis e poupança de energia, poupança de papel nos jornais e revistas, poupança de água e também podem aplicar a regra da sustentabilidade gastronómica nas suas cozinhas. Há muitos alojamentos que também são ecológicos em terem produtos de higiene amigos do ambiente e recarregáveis.

7 – Buffets
Nos hotéis e restaurantes os buffets são sempre uma grande quantidade de comida desperdiçada… mas muitas vezes o próprio pessoal do hotel vai acabar por a comer ou dão a quem mais precisa. Por isso, evite encher o seu prato, para depois não comer. O desperdício alimentar é algo que nos incomoda a todos sobretudo com tanta gente ainda a morrer à fome e subnutridos. Os números são assustadores: um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado.

8 – Lixo
Gastaram-se milhões (muitos milhões) na educação para a separação de lixo, em Portugal e noutros países ditos mais desenvolvidos. No entanto, quando vamos de viagem parece que esquecemos o que aprendemos. No Vietname lembro-me de ver contentores de lixo, separado, que diziam “Para Turistas”. Mas só nós é que fazemos a separação?!
Vai fazer um piquenique? Vai fazer uma trilha? Não deixe o lixo pelo caminho. Traga-o consigo e coloque onde é devido.

9 – Compras
Assim como o exemplo da gastronomia da sustentabilidade, também temos de perceber que artigos estamos a comprar. Os produtos da China estão no mundo inteiro e estamos sempre a ajudar alguém mas… na hora de ajudar a promover o artesanato local e as tradições é melhor comprar algo que sabe que foi mesmo feito no local e ajudar diretamente os artesãos.
Também se tiver mercearias e grande empresas de retalho ou supermercados, ou shoppings, prefira comprar a pequenos comerciantes.

10 – Plásticos
Recordo-me sempre que Marrocos deixou de usar sacos de plástico antes de Portugal. De vez em quando lá me vem parar um saco de plástico à mão, mas já é raro. Infelizmente, num país onde a maior parte dos turistas não pode beber água da torneira, correndo o risco de ficar doente (porque não está habituado) gastam-se muitas garrafas de plástico de água por dia. Desejo que pelo menos nos restaurantes passem a usar as de vidro. E se cada um de nós pode também levar a sua garrafa reutilizável consigo, vai poder encher a garrafa – claro que em países onde nos é permitido beber da torneira.

Nota: um estudo (já antigo – de 2009 – e com assustadores resultados) mostra que químicos industriais foram encontrados em cordões umbilicais de bebés nascidos nos Estados Unidos.

11 – Consumo de água
Em viagem: muitos alojamentos já o fazem e pedem-nos para sermos conscientes no consumo de água. Em casa trocamos de toalhas todos os dias? Mudamos os lençóis da cama todos os dias? Mesmo a toalha de praia, deverá guardar para pelo menos uns três dias e depois poderá trocar se estiver suja. Em viagem, também devemos promover essa consciência de poupança. A água é o mais precioso bem mundial e muito escasso em muitos destinos. Também tomar banhos de imersão é um desperdício grande, e que sobretudo “dói” mais em regiões onde há pessoas que fazem quilómetros para ir buscar águas a poços.

12 – Viajar com pouca coisa
Aliás, o melhor meso é comprar pouca roupa. Não vos digo para serem minimalistas, mas é possível viver com muito menos e é necessário pararmos com as despesas que temos na roupa. O documentário “Minimalismo” da Netflix é incrível. Nota de notícia: a indústria da moda rápida é responável por 10% das emissões de carbono a nível mundial. Também se viajarem com menos quilos, menos combustível gasta o avião, com o peso de bagagem desnecessária.

13 – Transportes
Já falamos aqui de muita coisa, mas em viagem ou no dia a dia devíamos pensar nas nossas deslocações. Nós e os nossos Governos. Apostar numa rede pública de transportes ecológicos é pensar e apostar num futuro melhor.
Já em viagem, como pode fazer? Fazer tours a pé ou de bicicleta ou juntando-se a outros turistas em vez de levar o carro só com uma ou duas pessoas.