No último fim de semana (de 13 e 14 de janeiro) fui até Amarante, para participar nos Fins de Semana Gastronómicos, promovidos pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal. O menu propunha o fumeiro tradicional, o cabrito serrano e os doces conventuais. Não podia ser mais convidativo.
Mas, o programa em Amarante não começou logo com a comida. Primeiro o check in: fiquei alojada no Hotel Navarras by Tâmega Clube, que fica a cerca de 15 minutos a pé da ponte e do Convento e Igreja de S. Gonçalo. O hotel está a ter obras de remodelação no exterior e também já fez algumas no interior. Os quartos estão modernos, confortáveis, e o pequeno-almoço é bom. Tem pães, doces e bolos, frutas, ovos mexidos, queijos, fiambre, compotas, sumos e bebidas quentes, como chá, café e leite (com chocolate também).
A primeira visita do dia foi ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, onde podem ser vistas coleções permanentes deste autor assim como de outros artistas. E há estátuas ligadas à história da terra: “Amarante é também povoada por algumas lendas e estórias, destacando-se entre elas, a do Diabo e a Diaba” – saiba mais aqui. Até março, podem visitar as obras que pertencem aos participantes do 11º Grande-Prémio Amadeo de Souza-Cardoso.
Depois do museu veio a visita ao centro histórico de Amarante – onde há muitos edifícios que foram renovados e lojas novas e modernas – passando a ponte, fomos às provas na Confeitaria da Ponte. Sempre que vou a Amarante vou a esta confeitaria comprar uns docinhos, para trazer, mas desta vez, além das provas, fui ver como se faziam os deliciosos doces: os Papos de Anjo, os São Gonçalo, as Brisas do Tâmega, os Foguetes e as Lérias. Doçuras que não acabam e são maravilhosas. A Confeitaria da Ponte foi inaugurada em 1930, mas existem outras confeitarias que têm doces igualmente bons Em Amarante. São uma perdição.
A noite chegou cedo, já que no inverno, antes das 18h00, o sol já nos deixa de aquecer. No entanto, mais umas voltas pelo centro de Amarante e fomos descobrir na Biblioteca Municipal uma conversa sobre os “Doces Conventuais e os seus segredos”. Um evento onde a Confeitaria Moinho também fez uma demonstração de como se fazem os doces e a explicação de como as Clarissas “inventaram” os Papos de Anjo, doces feitos com as gemas de ovos, já que usavam as claras para engomar os hábitos (as freiras do Convento de Santa Clara).
O passeio na cidade teve uma paragem na Igreja e Convento de São Gonçalo e, ao lado, no Café São Gonçalo, que foi o local de muitas tertúlias e que está associado ao nome de Teixira de Pascoaes. Uma ligação tão forte que mereceu uma estátua do autor, natural de Amarante, no meio do espaço deste café tradicional. Passe por lá!
Depois de toda esta doçaria conventual, os Fins de Semana Gastronómicos levaram-nos a provar os enchidos e o cabrito serrano. O restaurante Taberna do Coelho foi o escolhido para nos dar a provar várias iguarias – só de pensar de novo, no que veio para a mesa… e ver as fotografias… cresce água na boca.
Primeiro, as entradas. Tábuas com queijos, presunto e salpicão, e uma outra com salgadinhos e mais enchidos: bola de carne, rissóis, bolinhos de bacalhau, croquetes, pataniscas, verdes (uma espécie de papas de sarrabulho, mas mais consistente), azeitonas e chouriça assada com grelos salteados. É difícil contermo-nos com estas entradas, mas vinha aí o cabrito, que já tínhamos espreitado no forno a lenha na cozinha.
E este forno e o cheirinho da lenha faz toda a diferença no sabor da carne. O cabrito vinha acompanhado com (excepcionais) batatas asadas, arroz e legumes salteados. Tudo tão bom que teve direito a repetição.
À sobremesa – antes, veio um gelado corta-sabores, de limão – além dos doces conventuais (da Confeitaria Amarantina), veio também a tarte de maçã, o bolo de noz e fruta já partida, para ir cortando o açúcar dos doces.
No dia seguinte, continuou a visita pelo centro histórico e pela beira-rio, já com o sol a aparecer mais vezes e a aquecer os corpos. Na caminhada pela Rua 31 de Janeiro – onde vai ver as placas que assinalam até onde foi a água nas várias cheias que a cidade teve – vai descobrir uma loja recente com… pipocas de vários sabores, a Fol – Gourmet Popcorn. Além do comércio tradicional, destacam-se a Adega Kilowatt (onde se diz que se come das “melhores sandes de presunto do mundo” (disse-me um local); a Gardénia, com flores e jarras lindíssimas; a Confeitaria Tinoca; e com outras tascas, tabernas e padarias. Não falta comida da boa por aqui. E a qualidade tem uma fasquia muito elevada.
E é nessa rua 31 de Janeiro que está também a Confeitaria da Ponte e a Confeitaria Moinho. Nesta última está impressa e afixada a explicação dos Doces de São Gonçalo, que têm um aspeto fálico. “Os quilhõeszinhos (testículos) de São Gonçalo, são bolos de trigo, que se vendem na feira de São Gonçalo. (…) Já não se lhes liga superstição: as raparigas pedem que lhos comprem”.
É também imperdível uma passagem pela Padaria Pardal, que foi renovada há dois anos e está com uma decoração muito familiar e contemporânea. A vista das suas janelas, para o rio, é muito bonita e aproveite para provar um dos seus muitos doces. Há, claro, os de São Gonçalo mas também toda uma outra pastelaria moderna e que nos faz salivar nas montras.
Vizinha da Padaria Pardal é a Maria Amarantina (infelizmente estava fechada quando lá passei). Mas, só de ver a entrada, e espreitar para o interior, dá para perceber que é outra loja moderna, primorosamente decorada (tal como a Pardal), que vale a pena visitar e que é especializada em gelados, crepes (daí a Nutella na montra), cupcakes e alguns doces conventuais também.
Muito perto, está o Hostel des Arts, que também transformou um edifício antigo da cidade. Está muito bonito, tanto por fora como por dentro. E, no seu interior, tem um bar aberto ao público em geral. É um ótimo local para ir beber uma bebida, fria ou quente, comer uma fatia de bolo e desfrutar de um espaço muito confortável. Nas noites frias, acendem a lareira, tornando o ambiente ainda mais acolhedor.
Percorrer a marginal, junto do rio, mesmo com o muito frio de inverno, é um dos melhores passeios que pode fazer em Amarante. A paisagem é linda e muito relaxante. E mesmo com o pôr do sol, Amarante é linda com as suas luzes… e é doce! Boas viagens!
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