Viagem de comboio a partir de Kandy no Sri Lanka

A viagem de comboio no Sri Lanka é uma das atividades que toda a gente quer fazer. Principalmente se for para fazer a viagem que vai dar aos campos com as plantações de chá. Dizem ser a viagem com um dos cenários mais bonitos do mundo… e nós confirmámos isso!

Comprámos os bilhetes na antiga cidade real de Kandy, onde tínhamos ficado a dormir na noite anterior. A viagem até Nuwara Eliya, conhecida pelas plantações de chá, tem esse mesmo objetivo: fazer a viagem com o cenário verde e depois ficar um dia a explorar os campos de chá. A maior parte das pessoas vai até Ella (são mais de 5 horas, mas fazem-se bem), mas nós saímos em Nanu-Oya e aqui apanhámos um tuk tuk para o centro de Nuwara Eliya.

O comboio é também algo que ficou do passado colonial, já que foram os ingleses que exploraram os campos de chá e precisavam deste transporte para levar o produto embalado até Colombo e depois despachar para o resto do mundo. Aliás, primeiro terão transportado o café.

O comboio está dividido em três classes. Escolhemos as carruagens de segunda classe e explico já porquê. São perto de 4 horas de viagem e existem ligações mais curtas mas com outros horários que não nos interessavam, porque nos iam roubar o dia de visita ao centro de Nuwara Eliya (viagens com comboios que fazem menos paragens). Porque escolhemos a segunda classe? Em primeira classe há ar condicionado e, por isso, não deixam abrir as janelas ou portas. Na segunda classe, é mais fácil ir para as janelas ou para as portas, que vão sempre abertas, para fazer fotografias.

Fui numa carruagem cheia de turistas e muitos poucos locais (talvez só dois ou três), incluindo a criança que ia ao meu lado e se entretinha a ouvir música e a ver vídeos no telefone. De vez em quando, desligava e ficava a admirar as paisagem. Com as janelas abertas e ventoinhas no teto nem se sente o calor – foi uma viagem muito fácil de fazer. Melhor do que o que imaginava.

As carruagens estão sujas mas nada do outro mundo – com isto quero dizer que o chão está sujo, sim, mas não tive nojo de me sentar no banco (não fui à casa de banho, por isso, não posso falar dessa parte. Mas há casa de banho!). A terceira classe, tem um banco de dois e do outro lado um banco corrido onde cabem umas 3 ou 4 pessoas – aqui, na terceira classe, a mais barata de todas, a maioria das ventoinhas não estava a funcionar. Não sei porquê, mas só uma funcionava.

Trouxemos comida e bebidas do quiosque da estação de Kandy, porque fizemos grande parte da viagem à hora de almoço, mas dentro deste comboio (não sei se todos terão) há um bar onde pode comprar bebidas frescas e pelo menos pipocas vi no balcão. Depois, durante a viagem aparecerão vendedores de comida.

E são muitos os vendedores que vão passando, de carruagem em carruagem, a apregoar e a vender de tudo um pouco: pães e sanduíches, fritos típicos e frutas, já cortadas e prontas a comer, por exemplo.

O comboio vai parando em várias estações à espera que passe outra composição para nos dar lugar na linha. Esperamos várias vezes, pacientemente, enquanto só se ouvia o rodar das ventoinhas, que espalhavam o ar quente dentro das carruagens. Ainda assim, tivemos muita sorte porque não estava muito calor. E à medida que se vai aproximando das terras mais altas – onde estão as plantações de chá – mais frio vai ficando. Sim, leve um casaco, principalmente para a noite e manhã cedo. Em Nuwara Eliya a maior parte das lojas vendia o quê? Casacos, impermeáveis, polares, gorros, cachecóis, luvas e protetores de orelhas. Faz frio mesmo. Eu vesti tudo o que tinha levado do outono de Portugal.

Depois de cerca de uma hora de viagem, saberá que vai estar a entrar na área das paisagens bonitas. Todos se encavalitam nas janelas e portas e há “Uaus” a sair das bocas de todos os turistas. Estas paisagens são mesmo deslumbrantes e verdes… tão verdes! Todas as câmaras a dispararem centenas… milhares de fotografias. E há até fila para tirar a foto da praxe na porta do comboio.

Pelo caminho, vamos parando nas estações (achei curioso, haver uma com o nome de Great Western) e cruzámo-nos com outros comboios. Como o nosso está cheio de turistas, também somos alvo da curiosidade dos outros passageiros. Alguns pedem-nos para tirar fotografias e depois pedem-nos para mostrar as mesmas. Umas meninas escondem-se primeiro para depois fazerem questão de fazer pose – com os seus lindos sorrisos – para a minha câmara. Dão o seu OK e seguimos viagem… cada um para seu lado.

Com mil tons de verde já se vêem alguns campos de chá. A vegetação é inclusive muito densa junto da linha do comboio e é preciso ter cuidado quando se espreita com a câmara na mão, pela janela ou porta. Poderá ficar sem ela num segundo…
Não há melhor forma de conhecer o Sri Lanka do que fazer uma viagem de comboio e esta em particular porque tem um cenário lindo. Não hesite! Vá!

Informação: o bilhete de comboio, para segunda classe, ficou por 160 rupias, ou seja, cerca de 1 euro. Na compra do bilhete, diga ou escreva bem o nome (num papel, por exemplo) do local para onde quer ir. Mesmo que não entendam inglês, saberão qual o seu destino.

O Viaje Comigo foi ao Sri Lanka a convite do Turismo Oficial – Sri Lanka in My Eyes.

Desafio 2017 – #337 Uma fotografia por dia…
Em 2017 tenho este desafio… colocar uma fotografia por dia, aqui no Viaje Comigo, relatando a história que está por detrás da mesma. Veja aqui outras imagens e outras histórias da rubrica “Uma fotografia por dia…”. Boas viagens!