No centro de Peniche, foi inaugurado, em agosto de 2016, o Museu das Rendas de Bilros de Peniche, que dá a conhecer uma arte que tem mais de 400 anos no concelho e guarda a história, o espólio e muitas peças antigas e seculares, que foram doadas.
No jardim público, no centro de Peniche, está uma estátua da Rendilheira, da renda de Bilros, feita com diferentes tipos e cores de mármores. Uma homenagem às mulheres que se dedicam a esta arte de trabalhar, com os bilros de madeira, para fazer rendas minuciosas: um ex-libris do artesanato penichense.

Monumento à Rendilheira em Peniche © Viaje Comigo

Bilros no museu de Peniche © Viaje Comigo
De salientar que, para reativar a tradição da renda de Bilros em Peniche, a Câmara Municipal abriu, em 1987, a Escola de Bilros, de forma a preservar e a surgir uma nova geração de rendilheiras. E conseguiu-o.
Atualmente, o espaço reúne mais de 100 profissionais – são 400, no total, no concelho de Peniche – e que ensinam a mais de 60 crianças, que irão perpetuar a tradição rendilheira. E não são só os mais pequenos que querem aprender, também muitos adultos decidiram arregaçar mangas e absorver os ensinamentos desta arte secular.

Por crianças – Bilros de Peniche © Viaje Comigo

Crianças a fazer Bilros de Peniche © Viaje Comigo
Todos os anos, Peniche organiza a Mostra Internacional de Renda de Bilros, desde 1994. Um evento que se encontra em crescimento e que, em 2016, contou com um número recorde de delegações: 30 participantes de diferentes países, onde a renda de bilros também é tradição.

Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
No Museu das Renda de Bilros de Peniche estão expostas almofadas, bilros, linhas para as rendas e peças antigas que foram cedidas por famílias penichenses. Também consegue-se ver a aplicação das rendas, e das suas técnicas, ao vestuário, calçado, e até na joalharia.

Joalharia – Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
Aliás, como primeira exposição temporária deste museu, estão expostas peças de moda de alunos do MODATEX – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, do Vestuário, Confeção e Lanifícios.
A mostra “Rendas na Moda” apresenta criações de moda com aplicações da renda de bilros de Peniche – as rendas foram executadas por rendilheiras da Escola Municipal.

Exposição temporária – Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
Aqui, mesmo ao lado da exposição de moda, um pequeno auditório passa em contínuo um documentário sobre a arte e a tradição da renda de bilros em Peniche.
Descubra depois para a sala museológica, onde surge, na entrada, um quadro antigo, da pintora Josefa de Óbidos (1630-1684). E de importância maior, porque é a representação iconográfica mais antiga da renda de bilros de Peniche.
A pintora seiscentista, com ligação à Vila de Pencihe, representou em vários quadros a renda de bilros ,como é o caso deste “Menino Jesus Salvador do Mundo” (Museu Nacional de Arte Antiga), representado no quadro abaixo.

Representação em quadros de Josefa de Óbidos – Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
Também encontra peças de ourivesaria, roupas e sapatos onde a técnica da renda de bilros foi utilizada. Como temas das rendas, surgem barcos, ondas e peixes, por exemplo, mas também flores.

Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo

Peças antigas – Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
CURIOSIDADES
– as rendilheiras de Peniche trabalham com as palmas das mãos viradas para cima;
– a concepção da renda de bilros começa no desenho que, depois, é passado para papel quadriculado e adaptado aos pontos (debuxo);
– o pique é o resultado do desenho passado (e picado) para o cartão;
– depois é picado na almofada com alfinetes;
– começa a renda de bilros a surgir quando é feito o cruzamento de fios, enrolados nos bilros de madeira;
– no final, dá-se a cerzidura, com pontos mais miúdos e quase imperceptíveis, para unir as rendas, numa peça maior.

Peças no Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
HISTÓRIA
Costuma dizer-se: “Terra de redes, terra de rendas”. Isto porque, por norma, a tradição das rendas é maior junto do mar e começou nas mãos de mulheres de pescadores, que faziam as rendas para terem mais algum dinheiro a entrar nas suas casas, enquanto os homens iam para o mar.
Reza a história que as rendas terão chegado a Peniche, pelos intercâmbios comerciais com os marinheiros vindos da Flandres, na Bélgica. A verdade é que a renda passou a estar na moda com o rei francês, Luís XV. E, em Portugal, foi Marquês do Pombal que incentivou, no século XVIII, a produção das rendas como produtos de luxo.

Museu Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo
INFORMAÇÕES
Morada: Entrada pela Rua Nossa Senhora da Conceição, 1, Peniche (museu fica num edifício amarelo, por detrás da Igreja de São Pedro)
Horário: todos os dias
Telefone: +351 262 780 100
As legendas estão em português, inglês e braille.
Mais informações aqui.

Museu da Renda de Bilros de Peniche © Viaje Comigo

Museu Renda de Bilros de Peniche – almofadas © Viaje Comigo