No Amazonas, o Iberostar Heritage Grand Amazon foi o primeiro projeto turístico desta cadeia no Brasil. Um hotel flutuante de luxo com dois programas na Amazónia: um pelo rio Solimões e outro pelo rio Negro. Com um só objetivo: dar a conhecer a riqueza do rio Amazonas e da selva – na maior floresta tropical do mundo – e seus afluentes. Tem excursões incluídas e espetáculos todas as noites, gastronomia maravilhosa e contacto com as populações ribeirinhas do Amazonas. Um barco com piscina, sala de fitness, jacuzzi, restaurante, bar e discoteca. E quartos muitos confortáveis e com varanda… pois a vista, aqui, é tudo! Uma experiência incrível que jamais irei esquecer!
O Iberostar Heritage Grand Amazon sai do porto de Manaus e poderá fazer dois itinerários: um de 3 noites no rio Solimões e outro de 4 noites no rio Negro. E também é possível unir os dois num circuito de 7 dias.
No meu contexto, ainda de pandemia, tive de fazer teste antigénio antes sequer de entrar no cruzeiro – algo que está incluído e só tem de ir um pouco antes para o fazer antes de entrar no barco. Só quando temos o resultado (negativo, claro!) em mãos, podemos embarcar.
Fazemos o check in e preenchemos papelada com as nossas informações e temos uma bebida de boas vindas.
Depois aguardamos que nos seja entregue o cartão da cabina, ou seja, do nosso quarto.
Na apresentação dão as informações de como se vai processar o cruzeiro, que no meu caso foi o do Rio Solimões.
E também para se escolherem as atividades que se vão fazer, porque há excursões de manhã, de tarde e uma à noite.
A imersão é absoluta… não há Wi-Fi e mesmo quem tem rede brasileira vai ter oscilações durante a viagem. Posso dizer para levar um livro mas, na verdade, estamos sempre ocupados a apreciar o que nos rodeia, a maior parte do tempo. Sobretudo porque depois de dois anos de pandemia, e forçados a estar parados, sabe tão bem aproveitar este ar livre.
Vou ao quarto e, além da cama gigante, esta é, sem dúvida, a maior casa de banho de cruzeiro onde já estive e a cabina do chuveiro é enorme. No armário, estão as duas toalhas, para a piscina que está no deck e o jacuzzi.
Temos todos os produtos na casa de banho, como champô, amaciador, gel de banho e loção corporal. Não precisa vir carregado e os produtos são ótimos – sem parabenos e sem silicone – e com embalagens recarregáveis e ecológicas, feitas de material reciclado, como cana de açúcar. É uma das formas de a Iberostar tomar medidas que estejam em linha com a sua filosofia ecológica e de turismo sustentável – assim, acabaram com as embalagens pequenas de amenities, que levam à produção de mais plástico.
Aliás, a Iberostar criou o movimento Wave of Change, com a tónica no turismo responsável e dedicado a cuidar dos oceanos, incluindo o consumo responsável de peixes e apostar na economia circular. Na prática, isso vê-se também na água, purificada em máquinas, e as garrafas de água que se podem reencher em qualquer andar do navio.
No deck do Iberostar Heritage Grand Amazon tem um bar e, antes mesmo de partirmos, pelas 18 horas, são servidas bebidas (cocktails ou sumos ou cerveja, etc) e alguns snacks.
Como ponto de partida, temos a companhia da agitação do Porto de Manaus, e a ponte lá ao fundo, que atravessa o Rio Negro, e os barcos que fazem vida por estes lados.
Partimos pouco depois das seis da tarde, dizendo adeus a Manaus. Navegamos e às 19 temos novo encontro para apresentar as informações gerais do cruzeiro e altura também de nos inscrevermos nas excursões do dia seguinte. Inscrevi-me em todas!
REFEIÇÕES NO IBEROSTAR GRAND AMAZON
O jantar buffet tem várias carnes e peixes, que quase não consigo pronunciar os nomes, como Pirarucu ou Tambaqui. Os acompanhamentos são variados como arroz, feijão, pasta, puré, legumes salteados, saladas e petiscos, etc.
As sobremesas são mini – obrigada chef! – mas muito variadas e há também muita fruta fresca.
Ao almoço pode optar pelo serviço no deck, ao meio dia, com carnes no churrasco e pizzas e saladas e sobremesas. Mas, à uma da tarde abre o restaurante com o imenso buffet, igual à noite. Há um jantar especial com ingredientes da Amazónia e o último jantar é de Gala, com serviço de prato feito e muito bonito.
O pequeno-almoço é buffet mas também tem o continental para quem quiser comer mais cedo no deck. No buffet do “café da manhã” há vários sumos naturais, frutas, pães e bolos frescos e caseiros. E há tapioca e omoletes feitas no momento com o recheio que quiser. Uma perdição, logo pela manhã!
ESPETÁCULOS
Todas as noites há espetáculos. Na primeira noite, foi muito divertido com o mágico, na segunda tivemos uma performance artística e musical e na terceira uma verdadeira festa do Brasil, com as variadas danças.
Antes do almoço, há também animação no deck, pode ser música ao vivo – com direito a pedidos musicais – ou ao Bingo que dá presentes, como colares e até uma massagem no spa no cruzeiro.
Nota: a visita à ponte de comando, está fechada por conta da Covid 19.
EXCURSÕES
As excursões e actividade estão incluídas no preço do cruzeiro.
Na primeira atividade, fui com Epifanio, o guia que já faz isto há 46 anos. A mulher é portuguesa e o sogro natural de Mirandela, Trás-os-Montes, “Terra da alheira”, diz-me. Dizia o sogro a expressão “tem que dar para dois Natais”, para poupar.
Os barcos são o transporte normal na Amazónia, seja para pescar, ir trabalhar, ir à escola ou até o barco ambulância. Toda a gente nos saúda à passagem da nossa lancha, as crianças correm para nos dizer adeus e os adultos que já conhecem os nossos guias, levantam o braço com visível saudação de amizade.
Em todas as excursões vemos animais. Pássaros sem fim, jacarés, preguiças e até macacos. A chuva acompanhou-nos algumas vezes (fui em fevereiro) mas nunca o suficiente para nos encharcar. Molha só um pouco e seca num minuto.
Algo verdadeiramente impressionante são as marcas nas árvores – e em algumas casas – das cheias de 2012 e sobretudo de 2021. Já é normal encher muito o caudal, principalmente em junho, mas é incrível a quantidade de água que por aqui passou e que marcas deixou a meio dos troncos. Quase inacreditável!
Num dos passeios, Quando o motor da lancha sossega, está uma quietude tão grande que o som estridente da arara nos assusta.
Fomos a Janauacá, uma população que sobretudo planta mandioca e milho e repara barcos e tem escola para as crianças. Fomos visitar, onde somos recebidos pela família, com nove filhos. As árvores de frutos são muitas como Cupuaçu, Inga, Noni e Carambola.
De tarde, havia duas excursões: fomos passear de lancha por Manaquiri e o outro grupo foi pescar piranha. Aprendemos ainda mais sobre o modo de vida dos habitantes da Amazónia. Todos os terrenos têm dono e são plantados. Pelo caminho, vemos como os nenúfares Victoria Régia ocuparam um dos canais. “O rio está sempre a mudar”, diz o guia que já faz isto há muitos anos.
À chegada de uma das excursões, depois de um dia nublado, o sol deu-nos um verdadeiro espetáculo. Um dos mais lindos pores do sol da minha vida.
À noite, o passeio revela um pouco mais da Amazónia.” Ouvimos mais do que vemos”, diz-nos o guia.
No dia seguinte, havia a atividade de assistir ao nascer do sol, mas já não tivemos tanta sorte, porque estava a chover e encoberto. “Pode haver o nascer do sol, mas também o nascer da chuva”, brinca o guia.
Voltamos ao rio depois do pequeno-almoço. Reparem no que digo “voltamos ao rio” como se o barco fosse terra firme. Já estou há duas noites no cruzeiro e já a sinto como casa.
Saímos do rio principal e entramos num canal e lago de Santana, com o lugar Floresta do nosso lado esquerdo. Vamos sair e fazer uma caminhada com o guia Piro, que conhece esta área como a palma das mãos. Mostra-nos muitas plantas e uma delas revela-se a maior aliada das mulheres que por aqui vivem: a Escada de Jabuti . Um anti-inflamatório para várias coisas mas sobretudo para as mulheres lavarem a genitália, uma vez que ganham facilmente infecções com água dos rios e a humidade.
Que belíssima caminhada foi esta com o guia Piro. Que nos diz que aprendem em miúdos tudo o que a selva tem de bom e de mau. E quando não aprendiam “Tinha a psicóloga de mais de um metro”, diz entre risos enquanto segura uma vareta com que lhe batiam quando crianças, se não estavam atentos aos ensinamentos.
Leve calçado confortável para a caminhada e boné. Roupa comprida para evitar picadelas de mosquito e repelente.
De tarde, o sol deu o ar de sua graça. E que forte! Pudemos estar a apanhar sol e a desfrutar na piscina. Pus a leitura em dia – ainda bem que não há Wi-Fi!! – e pensava nesse balanço ideal entre as excursões e o dar tempo para aproveitarmos e descansarmos.
O tempo deu-nos umas duas horas de bom sol, até que a chuva apareceu de novo. No restaurante, no piso na linha de água, via-se que as águas do rio estavam revoltas. Navegamos já devagar a caminho de Manaus. E o melhor de tudo é que somos sempre o único barco-hotel a navegar estas águas.
Piro qual guia e artista multifacetado, está com a guitarra e tanto canta música brasileira, como Beatles, e até Venus das Bananarama ou o Twist. A animação é garantida!
De tarde temos nova saída e desta vez levem dinheiro porque vai haver tempo para compras. Vamos aos restaurantes e casas flutuantes, onde temos contacto com os macacos… mas não muito próximo! Só para observar.
No dia seguinte – o último deste cruzeiro – vamos poder assistir ao Encontro das Águas, onde o Rio Solimões e Rio Negro se encontram, mas no entanto as águas parecem não se misturar. É incrível esta maravilha da natureza. E a forma perfeita de nos despedirmos deste cruzeiro, que é uma fantástica experiência!
INFORMAÇÕES
Partida: Porto de Manaus, Amazonas, Brasil
Mais informações:
Iberostar Heritage Grand Amazon