Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se uma espécie de diário visual das nossas viagens. Publicamos a mala pronta, o momento em que chegamos ao aeroporto e até a famosa fotografia junto à porta de embarque. Contudo, há um elemento que nunca deveria aparecer nessa sequência: o bilhete de avião. Este nunca deveria ser mostrado porque contém informações privadas importantes e que gente mal intencionada pode usar contra os viajantes.

Pode parecer apenas um detalhe entusiasmante, uma prova de que o embarque está prestes a acontecer, mas a verdade é que essa pequena folha contém dados suficientes para comprometer a sua privacidade e até a sua própria viagem. Com este artigo pretendemos explicar, de forma clara e prática, por que não deve mostrar o bilhete de avião nas redes sociais e como proteger-se, mantendo o entusiasmo de viajar intacto.

Susana Ribeiro na Opera - Big Bus Hop On Hop Off Sydney - Australia © Viaje Comigo
Susana Ribeiro na Opera – Big Bus Hop On Hop Off Sydney – Australia © Viaje Comigo

O bilhete de avião: uma fonte discreta de dados sensíveis

Quando olha para o seu cartão de embarque, vê apenas o essencial: o seu nome, o número do voo e a hora da partida. Mas existe muito mais informação codificada do que imagina. O pequeno rectângulo com linhas e padrões – o barcode ou QR code – contém dados completos sobre a sua reserva, informações pessoais e, por vezes, detalhes ligados ao programa de passageiro frequente. O que parece tecnicamente complexo é, na verdade, extremamente simples de decifrar. Qualquer pessoa com um smartphone e uma aplicação gratuita consegue ler esse código em segundos.

E essa leitura pode revelar:

    • o código de reserva (PNR – Passenger Name Record),
    • o número do bilhete,
    • contactos associados,
    • voos futuros ligados à mesma reserva,
    • estatuto de passageiro frequente
    • ,e até preferências registadas, como pedido de refeições.

Ou seja: muito mais do que gostaria de divulgar numa fotografia pública.

Acesso à reserva: o risco que poucos conhecem

Um dos maiores perigos está no acesso ao PNR. Combinado com o apelido do passageiro – informação que também aparece no bilhete – o código de reserva permite que qualquer pessoa entre no sistema da companhia aérea. Uma vez lá dentro, pode:

    • consultar todos os seus voos, incluindo ligações futuras;
    • alterar o seu itinerário, trocar lugares ou remover bagagem;
    • cancelar completamente a reserva;
    • adicionar contactos estranhos à sua ficha;
    • ou até mexer nas suas milhas, caso estejam associadas.

Tudo isto pode ser feito sem necessidade de passwords adicionais. Assim, uma fotografia aparentemente inofensiva no Instagram pode resultar num voo perdido, numa viagem arruinada ou até em custos adicionais inesperados.

Privacidade e segurança física: o impacto fora do ecrã

Além dos riscos digitais, mostrar o bilhete de avião nas redes sociais afecta também a sua segurança física. Ao publicar a data e a hora do voo, revela quando estará longe de casa e quanto tempo ficará ausente. Esta informação, quando combinada com outras publicações, pode ser suficiente para que desconhecidos identifiquem períodos em que a sua casa está vazia.

Além disso, expõe a sua rotina de deslocações, escalas e tempos de espera, oferecendo pistas sobre onde estará num determinado momento.

Deixo o conselho sobretudo para mulheres que, tal como eu, viajam sozinhas – ou que partilham conteúdos no âmbito do turismo – esta vulnerabilidade é particularmente relevante.

“Mas se tapar o nome não chega?” — Infelizmente, não!

É comum ver viajantes a cobrir apenas o nome ou parte do bilhete, mas isso é insuficiente. Mesmo que esconda os dados visíveis, o código de barras continua activo e é ele que contém toda a informação realmente importante. Basta que uma pequena parte do código apareça para permitir a leitura integral.

Além disso, muitas redes sociais comprimem a imagem e, ao fazê-lo, podem melhorar digitalmente a nitidez de elementos inicialmente desfocados. Ou seja, o que pensa estar tapado pode afinal estar totalmente legível.

Susana Ribeiro - Koh Rong - Camboja © Viaje Comigo
Susana Ribeiro – Koh Rong – Camboja © Viaje Comigo

Como partilhar a emoção da viagem sem comprometer a segurança

Felizmente, pode continuar a celebrar o momento da partida sem mostrar dados privados. Algumas alternativas seguras e criativas incluem:

    • fotografar apenas o passaporte fechado, sem etiquetas de bagagem visíveis;
    • mostrar a mala pronta ou um detalhe do equipamento de viagem;
    • filmar o ambiente do aeroporto, evitando capturar documentos;
    • partilhar apenas o destino final, não o bilhete;
    • captar a asa do avião, a pista ou a janela… são clássicos que nunca falham;
    • publicar já depois da viagem feita, para não saberem onde está em tempo real.

Desta forma, comunica a sua experiência sem colocar em risco a sua privacidade ou o bom andamento da viagem.

Publicar o bilhete de avião nas redes sociais pode parecer uma forma inocente de partilhar a alegria de viajar, mas é um gesto que envolve riscos substanciais. Desde a exposição dos seus dados pessoais até ao acesso indevido à reserva, passando pela revelação do seu itinerário completo, há muito mais em jogo do que se pensa. A boa notícia? Basta evitar fotografar o bilhete para eliminar todos estes riscos.

Viajar deve ser uma experiência leve, segura e inspiradora. E isso começa pela forma como protege a sua informação, dentro e fora do aeroporto. Boas viagens!

Susana Ribeiro - Aldeia de Fronteira - Unification Village - DMZ - Coreia do Sul © Viaje Comigo
Susana Ribeiro – Aldeia de Fronteira – Unification Village – DMZ – Coreia do Sul © Viaje Comigo

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Susana Ribeiro - Ponte Suspensa - DMZ - Coreia do Sul © Viaje Comigo
Susana Ribeiro – Ponte Suspensa – DMZ – Coreia do Sul © Viaje Comigo
Angkor Wat - Siem Reap - Camboja © Viaje Comigo
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