Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil, existem diversas formas de conhecer a cidade. Pode fazer a Linha Turismo ficando a conhecer a cidade de uma ponta à outra, de autocarro, e com a possibilidade de descer em algumas paragens. Mas, para ficar a conhecer o centro histórico de Porto Alegre o melhor mesmo é percorrer as suas ruas a pé.
No dia em que ia visitar o famoso Brique da Redenção estava a chover a potes. Infelizmente, fiquei sem conhecer essa parte importante da cidade, assim como o Parque Farroupilha – que ganhou o nome em 1884 – Campos da Redenção – homenageando a luta pela libertação dos escravos.
O Parque da Redenção, ou Parque Farroupilha, tem 40 hectares de natureza no centro da cidade. Ao sábado de manhã acolhe a Feira Ecológica e, aos domingos, o Brique da Redenção, com venda de peças de artesanato, antiguidades e artes plásticas. Segundo os anais da História, Porto Alegre terá sido a primeira cidade a libertar os escravos, quatro anos antes da Lei Áurea. Em 1930, o parque foi remodelado com um projeto do arquiteto e urbanista Alfredo Agache, com mais jardins e é um dos muitos espaços verdes da cidade.
No Centro Histórico, pode começar a visita no Mercado Público – que abriu as portas em 1869. Foi construído entre 1864 e 1869, em frente ao Largo do Paraíso, onde existiu, aliás, o primeiro mercado da cidade. Este projeto, com quatro torreões nas extremidades, é da autoria do arquiteto alemão Frederich Heydtmann. O segundo piso, no entanto, foi só construído em 1912. E, em 1990, foi reformulado, sendo incluída a cobertura metálica.
O Mercado Público de Porto Alegre está classificado como Património Cultural desde 1979. Tem em todo o redor lojas com portas viradas para a rua e, no seu centro, as variadas bancas. No total, tem mais de 100 lojas – leia mais aqui.
Aproveite, se for caso disso, para fazer uma refeição no bonito Chalé da Praça XV. Diz a lenda que o chalé terá vindo desmontado, da Europa, com direção de um outro sítio e terá ficado a meio do caminho, no local onde está hoje em dia. Mas, como todas as lendas, tem várias histórias…
A verdade, é que se sabe que foi inaugurado em 1885, como quiosque para venda de gelados. Foi reformado em 1909 e 1911 e em 1971, após um incêndio. Hoje em dia é Património Histórico Municipal e é um restaurante onde pode comer a típica comida gaúcha, acompanhado de bom ambiente e música.
Aqui ao lado, admire a fachada do edifício Paço Municipal e principalmente a peça que está à sua frente: a Fonte Talavera de La Reina, que doada pela colónia espanhola, como forma de homenagem no centenário da Revolução Farroupilha.
Passeei no centro histórico de Porto Alegre num sábado e, nesse dia, há muita animação nas ruas. Há venda de ruas e as lojas fazem promoções para cativarem os que vão passando… pela calçada, encontra de tudo. Desde tshirts de clubes de futebol à venda, a fruta, brinquedos, roupa, ou mesmo um cantor a promover o seu próprio CD.
Aqui pelo meio, passando quando despercebida, está a entrada para um dos edifícios mais altos de Porto Alegre. Tive o privilégio de poder subir ao último andar e ter uma vista panorâmica sobre a cidade: o Edifício Santa Cruz.
O edifício foi construído entre as décadas de 50 e 60 e está localizado no centro da cidade de Porto Alegre, à Rua dos Andradas nº 1234, próximo da Praça da Alfândega e da Rua General Câmara. O Edifício Santa Cruz tem 107 metros de altura e 50 mil m² de área construída.
Na rua da Praia (dos Andradas), conheça a Praça da Alfândega – onde tem uma pegada africana como parte de um projeto do Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre – e visite (depois, com mais tempo) os espaços museológicos que estão por aqui nesta área: o Memorial do Rio Grande do Sul, o Santander Cultural e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).
E é nesta Praça da Alfândega que é realizada, todos os anos, a feira do Livro de Porto Alegre. Se olhar bem para uma das partes ajardinadas vai ver um sino – um Monumento de Homenagem a Júlio La Porta, que era conhecido como Xerife – que era tocado para dar abertura à Feira do Livro. Também encontra nesta praça inúmeros artesãos e barraquinhas com produtos tradicionais.
Continuando a caminhar, sempre em frente, vai descobrir mais espaços visitáveis, onde encontra a história e a cultura da região. É o caso do Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa, o Museu do Comando Militar e a Casa da Cultura Mário Quintana.
Foi neste edifício cor-de-rosa que Mário Quintana (falecido em 1994) morou durante vários anos, enquanto ainda era o Hotel Majestic. Mário de Miranda Quintana, poeta do Estado de Rio Grande do Sul, foi o mais célebre morador do Hotel, entre os anos de 1968 e 1980, sendo um dos últimos hóspedes a sair.
A uns metros destes museus está a Igreja Nossa Senhora das Dores, cuja história remonta a 1807, quando foi colocada a primeira pedra para a sua construção, entre as ruas da Praia e Riachuelo.
Passando na Praça Matriz, vai ficar a conhecer o Palácio Piratini, o Museu Júlio de Castilhos, o Solar dos Câmara e o Theatro São Pedro. Mas, o que mais se destaca por aqui, são os reluzentes e coloridos painéis da fachada da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
Este é um monumento dedicado à Mãe de Deus, situado no centro da cidade e cujas obras começaram em agosto de 1921. “Todo o granito empregado na construção e no piso foi extraído das pedreiras dos morros que circundam a cidade de Porto Alegre”, refere o histórico da catedral.
Depois, no final do dia, aproveite para ver pôr-do-sol junto do Centro Cultural Usina do Gasômetro, nas margens do Lago Guaíba. Quando lá passei estava um bloco – com música e dança – a animar as ruas num final de dia de domingo. Sempre a alegria brasileira, que é contagiante!
Outra forma de conhecer a cidade é fazendo passeios no Lago Guaíba (como o que eu fiz no Cisne Branco) ou passear a pé ou de bicicleta entre a Usina do Gasômetro, Calçadão da Praia de Ipanema, na Zona Sul.