Comboio Histórico percorre a Linha do Vouga aos sábados

Entre 29 de junho e até 12 de outubro de 2019, é possível fazer um passeio num comboio histórico, com três carruagens de madeira, de inícios do século XX. O Vouguinha percorre a Linha do Vouga, entre Aveiro e Águeda, com paragem em Machinhata do Vouga, numa viagem que faz reviver tempos passados e cheia de surpresas. Vai realizar-se todos os sábados.

A composição foi recentemente restaurada e é um dos comboios históricos da CP – Comboios de Portugal, como é o caso do comboio Histórico do Douro (têm um bilhete com desconto se comprarem para os dois passeios, vejam abaixo mais informações).

O Vouguinha tem uma antiga locomotiva diesel de 1964, que puxa três carruagens de madeira dos primeiros anos do século XX. O passeio inclui um programa de animação a bordo, com um grupo de cantares tradicionais, e degustação de produtos regionais, como miniaturas de pastéis de Águeda e o espumante da Bairrada.

A recuperação de três carruagens, que estavam desativadas há décadas, e são datadas das primeiras décadas do seculo XX, foi feita pela EMEF – Empresa de Manutenção e Equipamento Ferroviário do Grupo CP.

Todas são diferentes. Uma das carruagens, de 1908, foi fabricada na Bélgica, outra na Alemanha, em 1925, e a terceira foi construída em Portugal, no ano de 1923, pelos então Caminhos de Ferro do Estado, nas oficinas do Porto.

O MEU PASSEIO NO COMBOIO HISTÓRICO DO VOUGA

Aproveitei o desconto nos bilhetes e fui de comboio a partir do Porto para Aveiro. Como cheguei antes da hora, atravessei a rua, em frente à estação, e fui comer os ovos moles da confeitaria Tricana.

O Comboio Histórico do Vouga tem partida da Estação de Aveiro às 13H40 e, mesmo antes de chegar à plataforma, já se ouviam os acordeões dos grupos de cantares, que nos vão fazer companhia durante toda a viagem, a saltitar de carruagem em carruagem.

As antigas carruagens, são com bancos de madeira. Hoje em dia, já nem se pensa quão seria desconfortável fazer longas viagens em assentos que são sejam almofadados. Mas, para uma tarde de passeio e regresso ao passado, a madeira serve muito bem.

Vamos passando pelos campos de cultivo, ao sabor do vento, com a locomotiva a lançar nuvens de fumo e a apitar sempre que cruzámos as passagens de nível. Já não estando habituado à passagem de um comboio histórico, quem nos apanha pelo caminho pára para nos tirar fotografias. Nós fotografámos a paisagem, mas sem dúvida que a melhor imagem é a deste comboio histórico a passar diante dos nossos olhos.

A cada paragem, para dar passagem a outros comboios na mesma linha, saltam todos fora das carruagens durante uns minutos. A fotografias sucedem-se e o grupo de cantares vai animando todos… até chegarmos a Macinhata do Vouga.

Ainda dentro do comboio, é-nos dada a provar uma miniatura dos pastéis de Águeda e, quando saíamos em Macinhata, está um espumante da Bairrada à espera para ser degustado. Aqui, vamos ficar cerca de uma hora. Todos os passageiros têm entrada grátis incluída no Museu Nacional Ferroviário – Núcleo de Macinhata do Vouga. Entramos por grupos e, enquanto uns fazem a visita, outros descansam à sombra de uma enorme árvore, com a companhia dos grupos de cantares. Estão também, à porta, algumas barraquinhas com artesanato à venda.

Como estava na carruagem número 3, fiz parte do terceiro e último grupo para visitar o Museu Nacional Ferroviário – Núcleo de Macinhata do Vouga. Quem nos recebe é o chefe da estação, ou pelo menos, alguém que veste a pele da personagem.

São atores que nos esperam e que fazem uma encenação muito pitoresca. Pertencem ao TEMA- Teatro Espontâneo de Macinhata do Vouga e conseguem mostrar o ambiente das estações no início do século XX. Estão duas famílias (só senhoras) a aguardar o comboio. E as senhoras da classe alta vão a banhos na Granja… o seu discurso é muito divertido. Vale bem a pena poder assistir a esta encenação feita de propósito para nós…

Há também um outro episódio, em que chega a carruagem da CP que faz os pagamentos. Ora, dizia o protocolo que antes de mexer no dinheiro tinham de lavar as mãos… e isso também é explicado.
O museu tem diversas locomotivas e carruagens para visitar e objetos antigos para ficar a conhecer.

Para quem gosta de comboios a viagem é cativante, mas a visita ao museu é também uma das melhores partes. No interior tem composições muito antigas, incluindo uma dos Correios e… bem, terá de visitar para ficar a conhecer tudo.

Depois da visita ao museu, já o Vouguinha estava à nossa espera novamente. Percorremos a linha até Águeda e, chegados à estação, a ideia é percorrer algumas ruas a pé até chegarmos a uma das maiores atrações da cidade… a instalação de guarda-chuvas numa rua pedonal, como uma instalação artística, sob a alçada do Umbrella Sky Project.

Mas, há muito mais para ver. As escadarias de cores coloridas, e com pinturas, são o chamariz fatal para as fotografias na redes sociais… e eu que o diga 😀

Ficamos parados pouco mais de uma hora e meia em Águeda mas, o tempo passa a correr – entre o lanche e as fotografias -, e já temos de regressar à estação (cerca de 10 a 15 minutos a pé). O comboio histórico está pronto para nos levar de volta a Aveiro. Que tarde tão bem passada!

A LINHA DO VOUGA

Construída no início do século XX, a “Linha do Vale do Vouga” foi considerada um dos mais importantes investimentos na região, quer do ponto de vista social quer económico.

As caraterísticas geográficas da zona dificultaram a obra, obrigando à construção de uma via com um perfil mais acidentado e sinuoso, com curvas e contracurvas cujo raio, nalguns casos, não ultrapassa os 90 metros. Foi esse o motivo principal que conduziu à opção pela bitola métrica* e está na origem do nome pelo qual ficou também esta linha conhecida: “Linha do Vale das Voltas”. É atualmente o único troço ferroviário português de via estreita em exploração.

*Bitola métrica: é a denominação que se dá às ferrovias cuja bitola seja igual a 1.000 mm, sendo, portanto, mais estreita que a bitola internacional.

O primeiro troço da Linha do Vouga, entre Espinho e Oliveira de Azeméis, entrou ao serviço em 21 de dezembro de 1908 e o Ramal de Aveiro foi inaugurado em 8 de setembro de 1911.

INFORMAÇÕES

Comboio Histórico do Vouga
Preço: 30€/adulto; 16,50€/crianças (dos 4 aos 12 anos)
Datas: sábados, entre 29 de junho e até 12 de outubro de 2019
Horários:
Ida: Aveiro 13h40 > Macinhata do Vouga 15h00;
Volta: Macinhata do Vouga 16h25 > Águeda 16h48 /
Águeda 18h11 > Aveiro 19h01

Pode ser comprado conjuntamente com a viagem no Comboio Histórico do Douro, beneficiando de uma redução de 25% em cada trajeto (54€ no total).

A CP oferece ainda 30% de desconto em qualquer viagem de longo curso (Alfa Pendular, Intercidades e Regional) com destino e origem na estação de Aveiro, para quem comprar bilhete em simultâneo com o Comboio Histórico do Vouga, e ainda o preço de 2€ na ida e volta nos comboios Urbanos do Porto.

Os bilhetes podem ser adquiridos na rede de bilheteiras da CP, através da bilheteira online ou pela Linha de Atendimento: 707 210 220.

Nota: o Comboio Histórico do Vouga resulta de uma parceria entre a CP, a Câmara Municipal de Águeda e a Junta de Freguesia de Macinhata do Vouga. A CP irá realizar as viagens de comboio, de acordo com o calendário definido, enquanto a Câmara Municipal de Águeda fica responsável por toda a componente logística e cultural do programa. A cargo da Junta de Freguesia de Macinhata do Vouga está a negociação com produtores locais para oferta e venda de produtos regionais.