Museu da Farmácia, no Porto

E se lhe disséssemos que, no Porto, o Museu da Farmácia tem a reconstituição de uma farmácia portuguesa antiga e de uma farmácia islâmica do Império Otomano? Se isso já o impressiona, prepare-se para ficar a conhecer um espólio riquíssimo, com peças de vários séculos, que aqui mostram como a evolução do tratamento da saúde é contado a par da História mundial.

Depois da receção e da loja, o primeiro olhar fixa-se num mapa mundo vermelho, com algumas peças colocadas estrategicamente em cima de alguns países. É aqui que começa a leitura da exposição que vai ver e perceberá quão diversa é esta mostra, com objetos que foram adquiridos em várias partes do mundo. Na parede pode ler-se “Museu da Farmácia – 500 milhões anos de história universal da saúde”. Vamos conhecê-lo?

Uns passos à frente, abre-se uma cronologia que nos acompanha ao longo das vitrines que guardam os objetos antigos. Desde almofarizes, de séculos antes de Cristo, a partes de sarcófagos, peças de tribos africanos e potes de cerâmica das mais recentes farmácias, entre muitos outros itens.

De salientar que todas as peças são originais e foram compradas a colecionadores, tornando este museu, da Associação Nacional das Farmácias, um espaço verdadeiramente especial. O Museu da Farmácia no Porto abriu em 2010 mas só formalmente em 2015.

São peças vindas de diferentes civilizações e culturas muito diferentes como a Mesopotâmia, o Egito, a Grécia, Roma, os Incas, os Aztecas, Islão, o Tibete, a China, o Japão e a Farmácia Europeia até 1929.

Ao longo da exposição vai encontrar os pequenos vasos que eram usados para os remédios – que tinham muitas vezes que ser transportados – e perceber que, ao longo dos tempos, se vai criando o oposto: os vasos ficam cada vez maiores e as pessoas é que se dirigiam aos espaços das Farmácias.

Na exposição vai encontrar também as farmácias portáteis. E algumas delas têm todo um requinte, como é o caso da caixa de farmácia da Familia Romanov (vai ficar de olhar preso nela), feita com peças de madeira e cerâmica, e apontamentos em madrepérola. Uma verdadeira obra de arte do século XVIII que contém ainda decorações com as Armas Imperiais da Rússia.

A exposição começa com “O Próximo-Oriente” e o “Egito Antigo”, depois a “Grécia e a Medicina Hipocrática”, a “Ordem Romana”, “O Mundo Árabe: a Farmácia atinge a sua identidade”, “A Farmácia no Barroco”, “A Farmácia Portuguesa nos séculos XVII e XVIII”, “O Século XIX: a segunda revolução farmacêutica” e “A Pasteurização e a Assepsia”.

Colheres, vasos, ungentários, estatuetas, almofarizes, potes, albardemos, garrafas, cartazes, cartas médicas, livros, microscópios, balsamários, etc. A exposição começa com fósseis com mais de 500 milhões de anos e um âmbar com inclusões, neste caso, com um mosquito, com cerca de 40 milhões de anos.

Vasos Canopos – Egito 664-525 a.C
E ao lado uma caixa para vaso de vísceras: caixa de madeira que servia para guardar as vísceras dos sepultados em sarcófagos, com símbolos que são guardiões. Época Baixa ou período ptolemaico (664-100 a.C.)

A Figura de Acupunctor é uma das últimas adicionadas a esta exposição. É a forma de um corpo feminino, pintada com carateres chineses, que marcam os pontos de acupunctura, para ensino.

Ritão, Pérsia, século I a.C.
O Ritão de prata é uma das peças que vai encontrar na exposição do Museu no Porto. Com abertura no topo: o líquido sairia por entre as patas da cabra.

Figura de Poder, Congo, Songe
Tem uma figura um pouco assustadora esta estátua, que tem pele de animal a cobrir o torno e pelo de animal na cabeça. Chama-se “mankishi” e estas esculturas serviam para magia benigna e proteção contra a doença.

Também animais, como tartarugas e crocodilos, estavam expostos em muitas das farmácias. Aqui está um que foi doado por Otelo Saraiva de Carvalho e quem lho tinha oferecido? O cubano Fidel Castro.

Depois de ver os cartazes antigos, a fazer publicidade a medicamentos, pode ver as reconstituições de farmácias e ainda as últimas descobertas na área da saúde.

AS FARMÁCIAS

A FARMÁCIA ESTÁCIO

No Museu da Farmácia do Porto foi feita uma reconstituição da Farmácia Estácio. Esta foi inaugurada em 1924 e funcionou na Rua Sá da Bandeira. Ainda existirão pessoas que se lembrarão desta farmácia e da sua “balança falante”. Ao pesarem-se as pessoas ouviam uma voz que lhe dizia o peso e, na ausência das tecnologias atuais, essa informação era mesmo dada por uma pessoa escondida dos clientes.

O nome vem do farmacêutico da Universidade de Coimbra, Emílio Faria Estácio (1854-1919) que, em 1883, fundou a Farmácia Estácio em Lisboa, e em 1924, a Companhia de Higiene abriu uma sucursal no Porto. Em 1975, um incêndio nesta rua queimou grande parte do interior da farmácia, destruindo a balança. Aqui, nos armários, vai encontrar caixas de medicamentos, doados por colecionadores, que fazem parte da história da Farmácia em Portugal.

A FARMÁCIA ISLÂMICA DO IMPÉRIO OTOMANO

É um espaço feito de madeira, com muito dourados, espelhos e imagens, pintadas, do campo e de jardins. Muitas das farmácia eram precisamente coladas a fontes, já que o barulho da água e a paz dos jardins era um ambiente usado para tratamento de “doenças nervosas e do foro psiquiátrico”. Ao contrário das nossas farmácias – com armários envidraçados que deixam ver – a farmácia islâmica tem as portas dos armários fechadas, para que não se vejam os medicamentos.

Esta farmácia terá existido no interior de um palácio de Damasco, no século XIX e que serviria também de centro de ensino. O seu conteúdo não era somente usados para os residentes do palácio mas também por toda a população da área.

Os muitos espelhos são usados para ler as inscrições invertidas que se encontram no seu interior, e que apelam ao estudo e ao conhecimento, para desenvolver meios de tratamento.

INFORMAÇÕES

Museu da Farmácia – Porto
Morada: Rua Eng. Ferreira Dias, 768, Porto
Telefone: +351 226 167 995
Horário: segunda a sexta-feira, 10h00-18h00; sábado, 14h00-18h00
(visitas em grupo por marcação prévia)
Site
Preço: 5€/Adulto (+18 anos); 3,50€/Estudante e +65 anos; 14€ – Entrada Familiar (2 adultos + 2 crianças); Gratuito – Crianças 0 – 2 anos
HAPPY HOUR nos Museus – segunda a sábado, das 17h00 às 18h00 – 50 % de desconto na compra do Bilhete de Adulto
Nota: se o museu estiver com as portas fechadas, dentro do horário de abertura, basta pedir na receção que chamem alguém responsável pelo mesmo para o poder visitar
Como ir? Autocarro 206 ou 503; Metro: saída da estação de Ramalde ou do Viso

Na loja vai ver vários produtos relacionados com o museu e com Portugal: as peças de porcelana, que podiam servir para guardar comprimidos, sabonetes, difusor de ambiente com imagens antigas, boiões e até chávenas de café.

Há ainda um espaço dedicado aos mais pequenos: o Clube da Sara (dos 7 aos 12 anos) tem programas dos cuidados de saúde com mascotes e além de ateliês educativos, tem visitas guiadas e podem ser organizadas festas de aniversário.