Ruínas Romanas de Tróia
Publicado em Abril 2, 2015

Ruínas Romanas de Tróia

Portugal [ Tróia ]

Nas Ruínas Romanas de Tróia está o maior complexo de produção de salgas de peixe conhecido no Mundo Romano. Também aqui está a Basílica Paleocristã de Tróia, tida como uma das mais antigas da Península Ibérica e das que apresentam melhor estado de conservação.

As Ruínas Romanas de Troia, classificadas como Monumento Nacional desde 1910, estão situadas na margem do rio Sado, na face nordeste da península de Troia. A poucos minutos da zona central de Troia, na outrora presumível Ilha de Ácala e que hoje se insere na Rede Natura 2000, os visitantes são convidados a viajar no tempo.

Nevoeiro visto de Tróia, Portugal © Viaje Comigo

Nevoeiro: vista de Tróia, Portugal © Viaje Comigo

Envolto num ambiente de beleza natural ímpar, as visitas pelas ruínas da “Pompeia de Setúbal”, conforme foi referida por Hans Christian Andersen, dão a conhecer um monumento nacional que sobreviveu mais de 2000 anos, com casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, que identificam a cidadania romana. Na época romana este terá sido um dos maiores e mais interessantes complexos fabris de conservas de peixe do Império Romano e do Mediterrâneo Ocidental, com uma extensão de quase dois quilómetros. Da instalação industrial faziam parte oficinas e tanques de salga (cetárias) de peixe e marisco que se destinavam à produção do garum, um condimento muito apreciado pelo povo romano.

Todos os anos são descobertos vestígios, que podem vistos nas exposições arqueológicas, visitas guiadas e eventos temáticos que periodicamente são promovidos.

Desde 2011, ano em que foi concluída a primeira fase da valorização do sítio arqueológico com a instalação de um percurso de visita com painéis de interpretativos, as Ruínas Romanas de Tróia receberam a visita de cerca de 90 mil visitantes.

Basílica Paleocristã de Tróia

Basílica Paleocristã de Tróia DR

O complexo de produção de salgas de peixe foi construído na primeira metade do século I e desenvolveu-se numa povoação que foi ocupada até ao século VI.

Os núcleos arqueológicos abertos à visita são duas grandes oficinas de salga, as termas, o mausoléu, a necrópole do mausoléu e o núcleo residencial da Rua da Princesa.

O percurso de visita, instalado em 2010, tem painéis explicativos em sete pontos de observação e sinalética indicativa das alternativas de percurso. A basílica paleocristã só é visitável em visitas guiadas.

Na visita à Basílica fica a conhecer a riqueza das pinturas romanas que revestem as suas paredes. Datadas do final do século IV e início do século V, destacam-se aqui os padrões geométricos – como octógonos, círculos, losangos -, os marmoreados e alguns motivos figurativos como aves, rosas ou o cântaro, muito comum em toda a temática paleocristã.

Visitas à Basílica sujeitas a inscrição por telefone (+351) 265 499 400 ou (+351) 939 031 936 ou ainda e-mail: arqueologia@troiaresort.pt.

Existem diversas atividades nas ruínas, como é o caso da “Arqueólogo por um dia”, para jovens maiores de 13 anos (com autorização escrita do encarregado de educação). Adultos: possibilidade de experimentar o trabalho de escavação com a equipa de Arqueologia durante um dia. Preço: sob consulta.

Parapente em Tróia, Portugal © Viaje Comigo

Parapente em Tróia, Portugal © Viaje Comigo

SABIA QUE…?

INVESTIGAÇÃO NAS RUÍNAS DE TRÓIA

1_Ânforas
Sabia que, nas escavações arqueológicas realizadas em Tróia desde 2007, foram recuperadas mais de 1500 ânforas?
Cerca de 70% das ânforas eram feitas na região, nas olarias da margem norte do Sado, de Setúbal à Barrosinha. As outras foram importadas de outras províncias do Império.
No Alto Império (século I e II), 84% das ânforas importadas vinham da Bética, actual Andaluzia, essencialmente com azeite e produtos de peixe. No Baixo Império (século III-V) 51% vinham do Norte de África, essencialmente da Tunísia, com os mesmos produtos, e só 44% da Bética. Em pequeno número, vinham também ânforas de Itália, da Gália, do Mediterrâneo Central e do Mediterrâneo Oriental.

2_Oficinas de salga
Sabia que Tróia tem 29 oficinas de salga identificadas?
Destas, sete foram postas a descoberto por escavações. As outras 22 foram postas a descoberto pela erosão costeira.
Desde 2007 que se começou a analisar e numerar as oficinas de salga de peixe de Tróia. Em 2011 publicou-se um artigo com as 25 oficinas então visíveis. Em 2016, identificaram-se mais duas oficinas, e em 2017 outras duas, num total de 29. Desde 2007, já se fizeram escavações em oito oficinas. (Oficina 1, 2, 4, 6, 12, 13, 18 e 23)

3_Capacidade de produção
Sabia que em Tróia há 180 tanques de salga visíveis?
79 tanques estão completos ou suficientemente bem conservados para se calcular a sua capacidade. Somando essa capacidade, ficamos a saber que Tróia tinha uma capacidade de produção instalada mínima de 1430 m3, o que equivale a 1 430 000 litros.
Para encher estes tanques com 80% de peixe e 20% de sal, eram necessárias 760 toneladas de sardinha e 350 toneladas de sal.
Durante os primeiros cinco séculos do primeiro milénio, Tróia era, sem dúvida, o motor económico do baixo vale do Sado.

4_Sardinha
Sabia que a sardinha era o peixe mais utilizado em Tróia para fazer molhos de peixe e peixe salgado?
Quando se escavam tanques de salga, é comum encontrar, no fundo, um sedimento amarelado e leve que é uma camada de restos de peixe composta por milhares de pequenas vértebras. Estudos ictiológicos demonstraram que se trata de restos de sardinha, o peixe preferencial dos produtos de peixe romanos da Lusitânia.

Ruínas Romanas de Tróia - DR

Ruínas Romanas de Tróia – DR

5_Mosaicos
Sabia que nas escavações de 2019 apareceram muitos fragmentos de mosaico preto e branco?
Ao escavar o enchimento de grandes tanques de uma oficina de salga, percebeu-se que tinham sido entulhados com muita pedra, tijolo e argamassa, aparentemente de casas construídas no século II ou III. Nesses entulhos, recolheram-se também muitos fragmentos de mosaico e de estuque pintado, provenientes dos pavimentos e paredes de salas de casas de pessoas abastadas.

TRABALHOS DE CONSERVAÇÃO

6_Número de edifícios
Sabia que, desde 2010, já se fizeram trabalhos de conservação em 10 edifícios das Ruínas Romanas de Tróia?
Desde 2010 que se têm feito regularmente trabalhos de conservação em 10 edifícios das Ruínas Romanas de Tróia. A empresa Mural da História fez a conservação e restauro de quatro paredes e um pilar da Basílica, enquanto que a empresa Nova Conservação tem feito inúmeras intervenções de consolidação e restauro em nove outros edifícios do sítio arqueológico (Oficina de salga 1, 2, 4 e 21, Mausoléu, Basílica, duas casas da Rua da Princesa, Termas e Edifício a Nordeste da Oficina 2).

7_Rua da Princesa
Sabia que a área das Ruínas de Tróia conhecida como Rua da Princesa foi escavada, no século XVIII, pela rainha D. Maria I, antes de subir ao trono?
A escavação prosseguiu no século XIX com a Sociedade Arqueológica Lusitana. A grande casa que aí existia foi-se desmoronando durante a escavação, feita à época sem cuidado, e houve paredes que ficaram descalças de um lado e a sofrer a pressão das dunas.
Recentemente foi necessário refazer o perfil de uma duma para sustentar paredes em risco de colapso. Utilizaram-se cerca de 1000 m3 de areia resultante de escavações recentes.

Ruínas Romanas de Tróia DR

Ruínas Romanas de Tróia DR

INFORMAÇÕES DE 2021

HORÁRIO
Abril: Segunda-feira a Sexta-.feira
» Maio a Outubro*
Aberto de Quarta-Feira a Domingo
Horário: 10h00 – 13h00 | 14h30 – 18h00
Entrada até 30 min antes da hora do fecho
*O horário está sujeito a mudanças conforme as normas DGS

Visitas Guiadas
Junho e Setembro – Sábado às 15h00
Julho e Agosto – Quartas e Sextas às 10h30
Outubro – 1º Sábado às 15h00

PREÇÁRIO
Bilhete normal: 6,00€
Estudantes, > 65 anos, caminhantes, ciclista e grupos: 5,00€
Até aos 12 anos: gratuito

Visita Guiada
Bilhete normal: 7,50€
Estudantes, > 65 anos, caminhantes, ciclista e grupos: 6€
Até aos 12 anos: gratuito

Ruínas Romanas de Tróia

Ruínas Romanas de Tróia DR

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